quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Sylvia Rank

Eu só quero escrever, só isso.
Tenho tentado fazer um filme, mas minha criatividade  aparentemente se desfez de mim como uma tartaruga-marinha mãe que deixa seus ovos na praia, confiando que eles saberão os próximos passos.
Esse tipo de coisa, esse tipo de tratamento de choque, a falta da criatividade que faz meu ser - ou às vezes acredito na realidade seja meu eu-lírico - faz com que meu coração se dê a coisas que não podem mais tocar-lhe sem causar um alvoroço.
Eu penso em Vinícius de Moraes todas as vezes que sofro por amor: pergunte pro seu Orixá, o amor só é bom sem doer. Não gosto de acreditar nisso, mas um conjunto de fatores na minha vida, inclusive o atual, me fazem ser realista em relação à esse sentimento que dói e dói aqui dentro de mim.
Ficar quatro horas esperando uma mensagem sobre uma música, enquanto tremo e suo de ansiedade, esse tipo de coisa só acontece quando alguém muito importante reaparece na minha vida, ou, como eu já venho desacreditado de tão raro que este evento é, aparecer alguém espontâneamente.
E não digo apenas em relação ao amor, mas também aos relacionamentos como um todo. Mas eu procuro. Procuro, procuro, e aquilo que eu sempre pretendo dar às pessoas - atenção - , acaba longe de ser uma característica das pessoas que encontro.
Eu tenho uma certa facilidade em criar na minha vida felicidades instantâneas. Coisas que só duram aquele momento, aproveitar aquele momento, ficar com meus amigos, aproveitar quem está à minha volta. Às vezes, surge alguém um pouco mais especial, e me sinto um pouco mais confortável durante um tempo, mas sendo bem sincero, não sou a melhor pessoa do mundo, e quando volto à minha rotina normal, sempre tendo a me desvincular completamente dessas pessoas.
Acaba que, com isso, há um grande filtro nas minhas relações chamada ma routine. Não que minha rotina seja difícil, ou que não haja espaço para encaixar meus amigos, mas que dentro dessa rotina me fecho sem querer; paro de falar diariamente com meus amigos mais velhos, paro de ligar para essas pessoas especiais que me aparecem.
Menos com uma pessoa.
Existe ela, a femme fatale da minha vida, que faz com que minhas pernas tremam e eu sinta um frio terrível.
Penso numa mistura de dois dos meus filmes preferidos, La Dolce Vita e Fellini 8 1/2. Os dois são de Federico Fellini, mas minha história é algo parecido com a de Guido de 8 1/2, tirando o fato de que entre todas as mulheres que atrapalham sua vida, surgiu uma Sylvia Rank de La Dolce Vita.

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